29 de junho de 2009

"Deus é uma suposição. (...) Se existissem deuses como suportaria eu não ser um deus? Portanto não há deuses."
F. Nietzsche
God bless Keira!

Videoclips que me enchem o olho - Parte VIII

Green Day - Jesus of Suburbia

Praéjusios Dienos Atminimui (1990)

Um filme de Sharunas Bartas










Sempre me pareceu que antes de Bartas querer fazer cinema, ele quer denunciar o subdesenvolvimento do país, o que ficou do pós URSS. E "Praéjusios Dienos Atminimui" é isso tudo, esse cinema cru e rude de Bartas, esse cinema poético, realista e anti-fictício do lituâno que acima de tudo se preocupa e se direcciona para essa vertente sociopolítica do seu país. E "Praéjusios Dienos Atminimui" traz religião, traz a fé como fenómeno social de um país em plena miséria.

28 de junho de 2009

Ivanovo Detstvo (1962)
Andrei Tarkovsky

A visão poética da guerra pelo olhar de uma criança numa das obras-primas do mestre de todos os tempos.

25 de junho de 2009

Dealer (2004)

Um filme de Benedek Fliegauf











É o segundo filme de Fliegauf que vejo e confesso que estava bastante curioso em vê-lo. Isto, porque depois de ter visto “Tejút” (completamente diferente deste e que é posterior a este – mais propriamente de 2007), fiquei com vontade de ver mais trabalhos deste cineasta húngaro que neste “Dealer” se revela brilhante. Como o título indica, o filme é sobre um dealer, mais propriamente sobre os seus últimos dias.
E o que é que o filme tem de especial? Tudo. Desde o argumento à destreza da câmara, desde os actores à imagem, desde a luz ao som. De facto, nunca vi um filme sobre droga tão brilhante. “Dealer” é, e digo-o com toda a certeza, uma obra-prima.

Mais importante que todo o trabalho que Benedek Fliegauf desenvolveu aqui, é a influência de Tarr em todo o filme. Do pouco que vou conhecendo deste novo cinema húngaro, Kornél Mundruczó incluído, a influência da mise-en-scène de Béla Tarr está sempre presente. Portanto, o grande trunfo de “Dealer” é esse, os travellings que Fliegauf assume em quase todo o filme como se de um filme de Tarr se tratasse. A calma com que a câmara desliza, o som de fundo que assola quase todos os momentos do filme. Para dizer a verdade, e voltando a Tarr, se o filme fosse a preto e branco e desconhecendo o seu autor, diria com toda a certeza que se tratava de um filme de Béla Tarr. Mas não, tratasse de uma obra de Fliegauf e com todo o mérito para o senhor. Porque o filme não é só brilhante devido à sua mise-en-scène. “Dealer” é completamente diferente do que estamos habituados. É um filme sobre droga mas não sobre os drogados. Mas mais que isso, é um filme completamente impressionante. Fliegauf filma o dia deste dealer num ambiente claustrofóbico, negro e realista. Ele filma aquela cidade como se de uma cidade deserta (ou quase) se tratasse. Ele consegue dar a ideia de um mundo alienado, um mundo à parte, embora real. Um mundo onde a droga comanda. Na verdade, o ambiente criado pelo húngaro desde o início do filme é uma atmosfera depressiva, onde a dor abunda. Desde o amigo que está numa cama de um hospital com o corpo todo queimado e que implora por um último chuto, passando pela ex-companheira que tem uma filha supostamente sua e o chama para lhe dar heroína até um cliente que diz querer largar a droga mas que se contradiz pedindo-lhe mais, todo o ambiente de “Dealer” respira depressão, dor e miséria. Mas ele recusa moralismos, o próprio dealer alheia-se às responsabilidades, à realidade, até à última cena onde tudo fica mais claro, onde a moralidade vem ao de cima.
E Fliegauf faz um filme minimalista onde se preocupa com cada detalhe do filme, com o som, a fotografia, a câmara, os diálogos. Fabuloso.