8 de junho de 2009

Transe (2006)

Um filme de Teresa Villaverde









Há filmes que têm o poder de nos tocar a alma. "Transe" é um desses filmes, uma obra-prima transcendente que se transcende a si mesma, uma obra-prima do mais raro que existe, uma obra-prima que faz lembrar Tarkovsky. Duma beleza ímpar. Não existem palavras suficientes no mundo para elogiar esta OBRA-PRIMA.

12 comentários:

João disse...

Gostava mesmo de ver este filme, mas não o encontro em lado nenhum...

Álvaro Martins disse...

João, olha este link para torrent e com uma qualidade fabulosa :)

http://thepiratebay.org/torrent/4872626/Transe_-_Teresa_Villaverde_(2006)

O Narrador Subjectivo disse...

Não concordo, este filme afunda-se em simbolismo desnecessário. É visceral, mas inconsequente, impenetrável e maçador. Mesmo assim, escolheste umas boas imagens, se bem que o jovem da mansão que aparece na penúltima é das personagens mais irritantes que já vi em algum filme :P

Álvaro Martins disse...

Inconsequente? Impenetrável? Simbolismos desnecessários?

Em que te baseias para dizer isso?

PS: E sim, o atrasado mental da mansão é muito irritante mesmo, mas quantas personagens o não são pelo cinema fora?

O Narrador Subjectivo disse...

Baseio-me obviamente na minha percepção do filme :) O filme começa com bastante realismo ao mostrar Sónia a sair do seu país para procurar trabalho no estrangeiro e a acabar por ser enganada e forçada a prostituir-se, mas, lentamente, há enormes cargas de simbolismo que começam a vir para primeiro plano e que levam o filme até aquele final incompreensível com o Tim dos Xutos vestido de preto, e que pouco acrescentam ao que parece ser a preocupação da Teresa Villaverde inicialmente, mostrar a forma como mulheres como Sónia acabam em redes de tráfico humano. As cenas da mansão, do cão, já não acrescentam nada nesse plano, a espiral de degradação de Sónia atinge o nadir muito antes do fim, e o filme perde interesse. Pode ficar mais bizarro, mais visceral, mas isso é tudo simbolismo rebuscado que já não tem muito ou nada a ver com o realismo do início, que foi o que acabei por gostar mais – pode ter algo a ver com os pensamentos de Sónia, mas são sequências tão delirantes e díspares que o que quer que signifiquem não me interessa e não atinjo. É muito difícil fazer essa transição do real para o onírico ao longo de um filme com sucesso e Teresa Villaverde não o consegue fazer – para mim, claro.

Álvaro Martins disse...

O ambiente onírico e elíptico que perfaz o filme inteiro é aquilo que me atrai mais e, para mim, o grande trunfo da obra. E estás errado ao dizer que o filme começa com bastante realismo, pois as primeiras cenas do filme são Sonia já num estado deplorável e degradante e o miúdo de branco a dizer: "Sabes um icebergue...Sabes o que é um icebergue? Sabes o que é o gelo? É o deserto do frio." Por isso, a Villaverde já no início do filme vem com simbolismos e com todo esse cariz onírico, elíptico e toda a metáfora que o filme acarreta. E é isso que me agrada, porque todas as imagens que podem parecer inexplicáveis têm explicação, o transe é o estado de espírito de Sonia, o fechar-se no seu interior em busca de alguma dignidade, a sanidade/insanidade mental que todas essas imagens oníricas fazem passar. Esse transe é a réstia de esperança que ela ainda possui.
Quanto à cena do Tim, penso que a explicação está no delírio, nessa sanidade mental que ela perde, nesse transe em que Sonia mergulha.
É óbvio que para mim não perde interesse em momento algum, até porque se esta obra perde interesse e se perde em simbolismos desnecessários o que dizer de filmes do Bartas, do Lynch, do Zerkalo do Tarkovsky...

Mas cada um tem a sua opinião.

O Narrador Subjectivo disse...

Sim, já somos preparados para o simbolismo desde o início, mas só se torna preponderante bem mais à frente.

Isso são exemplos de realizadores que conseguem fazer a tal transição do real para o onírico ao longo de um filme bem feita :D Aliás, por isso é que eu não rebati a comparação com Tarkovsky, é uma boa observação, percebo de onde vem, Bartas é ainda mais próximo disto.

Não há nenhuma fórmula para fazer este tipo de cinema resultar melhor, simplesmente acontece, é assim que sai da cabeça deste pessoal e, pronto, Bartas diz-me muito, Tarkovsky também, Lynch nem tanto mas gosto muito de algumas coisas, Villaverde não, simplesmente não me afecta :P

Álvaro Martins disse...

Pois...são opiniões. Eu gosto muito do cinema de Villaverde, principalmente deste Transe e d' Os Mutantes. Bartas é um dos meus preferidos de sempre e Tarkovsky nem se fala. Lynch é daqueles de quem se gosta mas por vezes é tão difícil de compreender que passa ao lado.

João disse...

Só agora vi o link Álvaro

Obrigado ;)

Álvaro Martins disse...

De nada João. :)
Depois diz se gostaste do filme.

Paulo Soares disse...

Não considero este Transe uma obra-prima, mas é sem dúvida um bom filme.

Aquela quinta imagem é belíssima.

Não devia estar na altura de Teresa Villaverde lançar um novo filme?

Álvaro Martins disse...

Sim Paulo, já era altura da Villaverde lançar um novo filme.