26 de agosto de 2009

Public Enemies (2009)

“Public Enemies” resume-se a entretenimento. Michael Mann, e apesar de todo o entusiasmo com que Luís Miguel Oliveira (crítico do Público) defende aquela que ele chama de obra-prima do cineasta norte-americano – falo de “Miami Vice” –, não fez, a meu ver, nenhum outro filme que superasse “The Last of Mohicans”, tendo ainda feito “Heat” – filme que se aproximou daquela que é a sua obra-prima quanto a mim.

Mas relativamente a “Public Enemies”, e, aproveitando o termo do crítico do Público, o filme é a história de um ladrão analógico. Sim, é verdade, a analogia é indubitável. Analogia com outros tantos criminosos que existiram nesse país. E todo o filme de Mann fez-me lembrar as cowboyadas americanas de outrora. E Dillinger fez-me lembrar Billy the Kid. Mas talvez seja eu a confundir…
E por isso recuso-me a aceitar este filme como um grande filme de acção. É verdade que Mann conquista o espectador pela câmara, pelos travellings que cria, pela mise-en-scène virtuosíssima a fazer lembrar Spielberg em “Saving Private Ryan”. E assim consegue uma maior proximidade do espectador com as personagens. Mas depois perde-se no jogo do rato e o gato. Perde-se na narração da história, na constante evocação do criminoso perigoso mas dócil para com a sua amada, na repetição imutável do criminoso que vive o presente e teme planear o futuro até ao momento em que perde todos os amigos.

Resumindo, Michael Mann faz um filme violento onde pretende adoptar um estilo noir (o que não consegue) e desilude na condução narrativa que mostra, na previsibilidade com que conduz a narração. Por fim, gostei de Depp e de Marion Cotillard, mas Bale deixou muito a desejar.

7 comentários:

Roberto Simões disse...

Não fui nem irei ver o filme. Nunca me cativou. E suspeito, bastante, que a minha opinião em muito se assemelhará à tua quando o vir, quiçá um dia em DVD.

Cumps.
Roberto Simões
CINEROAD - A Estrada do Cinema

João disse...

Michael Mann é um dos meus realizadores preferidos, e conseguiu fazer mais uma excelente obra. Especialmente o último terço de filme.

Ao contrário de ti considero Heat a sua obra prima ;)

O Narrador Subjectivo disse...

Tenho de ver isto, mas considero o Michael Mann um dos maiores realizadores vivos, parte de mim adora filmes de género estilizados ao extremo, tal como Otto Preminger fazia nos anos 40-50. É assim que eu olho para o Michael Mann, um Preminger moderno :D

Álvaro Martins disse...

Roberto,
também acredito, bastante, que a tua opinião seja diferente da minha.

João,
Ok, respeito. Pessoalmente não aprecio muito Mann, a não ser o The Last of Mohicans, o qual gosto muito. Mas além desse filme e do Heat não consigo ver mais filmes que ultrapassem aquela banalidade que hoje em dia assola o cinema americano. Mas é a minha opinião.

Passenger,
Nunca tinha feito essa comparação, mas também nunca fui grande admirador de Preminger :)

João disse...

Não considero o cinema de Mann banal,, tens Manhunter que é um excelente filme.
E depois Collateral e mesmo The Insider também são filmes que se destacam e que não os incluiria dentro do saco da banalidade do cinema americano. Just my opinion.

Unknown disse...

Parece que depois de tantas vezes em desacordo encontramos, finalmente, um filme que nos permite partilhar de uma ideia semelhante.

Na verdade parece-me que Mann cometeu alguns erros ao filmar Public Enemies, nomeadamente no que toca ao realismo que pretendeu imprimir.

Abraço

Álvaro Martins disse...

João,
estamos claramente em desacordo relativamente a Mann. Mas também não podemos estar sempre de acordo.

Fifeco,
realmente, lá estamos de acordo uma vez ;)

Abraços