31 de dezembro de 2009

Domicile Conjugal (1970)

Um filme de François Truffaut








Domicile Conjugal tem uma das melhores sequências iniciais que vi em toda a minha vida. A primeira vez que vi este filme fiquei completamente maravilhado com aquele plano-sequência inicial. É extraordinariamente bem filmado, bem conseguido e revelador do grande âmago da obra. O desejo. E todo o filme de Truffaut se resume a isso, ao desejo. Domicile Conjugal é um filme leve, tipicamente nouvelle vague embora mais comercial. A traição vem resultante do desejo. E se o plano inicial são as pernas de Christine, quando Antoine se interessa pela chinesa temos outro plano de pernas, este das pernas da chinesa. E esses planos de que falo são a mais pura metáfora do desejo sexual do homem, umas pernas bonitas. E a traição resulta desse desejo. E desse desejo surge a separação, o desinteresse na mulher, a impaciência em tentar não destruir o casamento, o tédio com a nova companheira. Sim, esse desejo acarreta muita coisa. E aliado ao desejo está a curiosidade. Sim, porque embora o desejo fale mais alto, a curiosidade em se envolver com uma chinesa (povo diferente, etnia inclusive) também tem a sua força no desfecho resultante. Portanto, Truffaut explora esse desejo. E explora também o início e o fim do desejo. Ou seja, Truffaut expõe claramente a diferença entre o amor e o desejo. O amor/Christine e o desejo/a chinesa. E Truffaut louva o amor, faz dele um sentimento mais nobre. E, de facto, assim o é.

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